sábado, 5 de fevereiro de 2011

A tranquilidade está aqui!


Este restaurante foi um achado.  Dê última hora resolvemos fazer uma reserva para o jantar daquela noite. Sucesso total, haja vista que em outros restaurantes as reservas tiveram que ser feitas com semanas de antecedência.

Após uma tarde cultural entre museus e passeios pelas ruas de São Francisco ver o que seria o tal Coi (palavra francesa que se lê "coá" e significa tranquilidade) que havíamos visto numa lista publicada pelo jornal The New York Times*.

A princípio achei que seria um restaurante oriental pelo nome ou algum restaurante de comida fusion.  Ledo engano, o restaurante tem uma culinária californiana, onde o que se serve é totalmente natural, de produtores locais, mas com aplicação de técnicas francesas ultra modernas.  Alguns dos pratos servidos lembravam os do El Bulli que tem sua cozinha baseada na culinária molecular - desconstrução e reconstrução dos alimentos.

O restaurante fica localizado na parte barra pesada do bairro de North Beach, o mesmo bairro italiano, entre casas de peep show (casas de diversão adulta).  Por isso o nome do restaurante significar tranquilidade.  A intensão dos donos era que ao entrar lá você sentisse isso.  E posso dizer que é o que se sente.


Decoração clean, poucas cores, madeira e algodão estão presentes em quase dos detalhes.  No salão onde estão as mesas, uma enorme instalação de papel de arroz faz as vezes de luminária, dando um tom amarelado e intimista.


O sistema é o de menu degustação com um set course de onze pratos.  Há opção de se fazer também uma desgustação (ou se preferir uma harmonização) de um vinho diferente para cada prato. Uau 11 pratos com 11 vinhos.  Optamos por escolher 2 garrafas que foram suficientes.

O primeiro foi um Robert Sinskey Pinot Blanc 2009 Los Carneros. Um vinho elegante, refrescante e encorpado, com notas de maçã e nectarina, mostrou cheio de energia no paladar.  Indicação do sommelier super acertada.


Os pratos pareciam obras de arte.  Vegetais e carnes em combinações e apresentações inusitadas.  Confesso que alguns pratos poderiam vir mais aquecidos, mas talvez essa não fosse a inteção do chef.

O primeiro prato (que não tem foto descente para ser divulgada neste blog) foi um Frozen Mandarin Sour, que era uma mistura de texturas e sabores, crocantes, cremosos, doces, salgados e amargos.  Uma brincadeira com as papilas degustativas.

O segundo prato (foto abaixo) foi uma mistura de dois tipos de vieiras - uma super macia e outra mais rígida - com algas, limão e erva doce selvagem. Novamente uma brincadeira com sabores do mar e da terra.

O terceiro prato (foto abaixo) foi um purê de beterraba assada com queijo fresco e uma saladinha de brotos, flores e folhas baby.


O quarto prato, veio morno mas poderia ter vindo mais aquecido, era uma base de torrada coberta por um creme de caranguejo e um pesto de gramíneas. 


Os próximos pratos foram uma mousse de couve-flor com ovos frescos e uma sopinha de tofu, cogumelos dashi e algas.  Os dois merecem um destaque pela originalidade e pelo sabor acentuado.


Na segunda metade do set um novo vinho, um Pinot Noir 2008 Bergstrom.

O sétimo prato era o que se pode dizer de representante da cozinha molecular, espuma de cereja sobre um mingau de cogumelos e alecrim selvagem acompanhado de crip de batatas variadas.

 

Um bombom de filé mignon ao ponto, purê de batatas e folhas de beterraba frescas.  Para encerrar o set de salgados, queijos grelhado e cremoso com pickles de nabo.


As sobremesas não deixaram por menos: sorbet de frozen yogurt com romã e menta precoce; e um brioche de chocolate, farofa de pistache e sorvete de creme.


Encerrando o set, café (daqueles bem americanos em caneca tamanho família) e duas balas de goma de toranja.


Um menu que se mostrou ousado na mistura de sabores, mas revelou-se increvelmente criativo e feliz. 

foto: divulgação

Presente em várias listas como um dos melhores restaurantes do mundo, o Coi tem duas estrelas no Guia Michelin e quatro estrelas pelo SF Chronicle. O restaurante tem apenas três de existência e uma brigada super experiente. O chef e proprietário Daniel Patterson começou cedo no mundo culinário e já figura entre os top chefs mundiais; foi eleito chef do ano em 2001 e 2007; escreve para jornais e revistas de gastronomia.

Serviço:
Coi Restaurant
373 Broadway Street
São Francisco, Califórnia
(415) 393-9000
http://www.coirestaurant.com/
Horário de funcionamento: terça a domingo, das 17 às 23h.
Reservas através do site: http://www.opentable.com/

(*) Os 10 restaurantes indicados pelo jornal The New York Times, em ordem alfabética, foram:
- Central Michel Richard (Washington)
- Cochon (New Orleans)
- Coi (San Francisco)
- Fearing's (Dallas)
- Fraîche (Culver City, California)
- Guy Savoy (Las Vegas)
- Michel's Genuine Food & Drink (Miami)
- O Ya (Boston)
- Tilth (Seattle)
- Ubuntu (Napa, California)

2 comentários:

  1. Qual a sensacao de comer tanta coisa , 11pratos numa mesma refeicao? Me oareceu too much! Mas a aparencia de todas sensacionais. Bjs e parabens mais uma vez.

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  2. Dê, essa coisa de menu degustação é bem normal em restaurantes deste nível. Talvez porque as pessoas não devam ir com tanta frequência e os donos se sentem menos culpados por cobrar tão caro pela refeição. O menu degustação é interessante para você ter uma idéia dos pratos que são criados nesses restaurantes. Pra ser sincero eu também acho demais 11 pratos, mas é algo que está se tornando normal ultimamente. Pra nosso consolo, os pratos são servidos em pequenas porções e as vezes vêem em micro porções. Bjs

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