segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Os waffles de Calistoga

A pequena cidade de Calistoga, na região de Napa Valley, tem seus encantos.  Uma cidade super parecida com a Campos do Jordão ou Monte Verde brasileiras. Casas sem muros, montanhas por todos os lados e um frio que te faz ter aquela preguiça e querer ficar em casa. 

O café servido pelo hotel foi tão simplesinho que resolvemos sair em busca de um café com leite "a la brasileira".  Não seria muito difícil de decidir onde já que Calistoga tem praticamente uma única rua com todo comércio concentrado.


Após um caminhada de ida e volta pela rua principal, o escolhido foi o Café Sarafornia. Tipicamente americano, daqueles que a gente vê nos filmes.  Várias garçotes servindo café de cafeteira elétrica nas mesas e aqueles pratos enormes de ovos mexidos, torradas, bacon e etc.

Fomos de café com leite (que aqui vira caffé latte) e waffle com manteiga e mapple syrup só para entrar no clima americano de cidade do interior.


Boa escolha.  Só não se assuste se sua "média" vier numa caneca de quase meio litro!

Serviço:
Café Serafornia
1413 Lincoln Ave
Calistoga, California
Horários: café da manhã a partir das 7h (all day significa o dia inteiro) e almoço das 11 às 14h30.
http://www.cafesarafornia.com/

A lavanderia de Thomas Keller



A sexta-feira passada (28-01) começou com os preparativos para a viagem a Yountville, na região de Napa Valley, onde iríamos almoçar no estupendo The French Laundry - primeiro restaurante de Thomas Keller.


Malas prontas no carro, pegamos a estrada - ladeada de montanhas, vinhedos e um sol super gostoso.  Após 40 minutos de Kensington, onde estamos hospedados, finalmente chegamos no The French Laundry. 




Com instalações que lembram uma casa de fazenda do interior da França, tudo é muito encantador - um casebre feito de madeira e pedras, com dois andares como se fosse um sobrado, rodeada por um jardim lindo e de frente para uma horta de onde saem as verduras e legumes utilizados nas preparações do restaurante.




O serviço é impecável, da recepção até as explicações de como funciona o cardápio, tudo é muito cadenciado e parece ser cronometrado.  Muita gente trabalhando no local.  Pelo menos uns quatro garçons atendiam nossa mesa, servindo água e vinho a todo momento.  Outros tantos garçons vinham servir os pratos, outros explicavam os ingredientes e suscintamente a preparação de cada um. Sem contar o sommelier, o maître e outros tantos.  Tudo muito superlativo.


O cardápio é dividido em duas partes - um regular (chef's tasting menu), com carnes, peixes e aves, e outro vegetariano (a tasting of vegetables).  Deve-se optar por um dos dois que serão servidos numa ordem pré determinada. O prometido eram 9 pratos, mas acreditem, foram bem mais do que isso. Outros pratos foram interlacados com os escolhidos previamente. Primeira surpresa.




O vinho escolhido foi um californiano Pinot Noir 2007 Lynmar Estate que foi indicado pelo sommelier afim de harmonizar com os pratos do set que havíamos escolhido.  Ponto para a excelente indicação.


Assim, já escolhido o tipo de menu que seria servido, vieram duas preparações que impressionaram, pelo sabor, pela simplicidade e pela combinação de texturas e sabores: o primeiro era um cone de base crocante com um mistura de queijos, ervas e um salmão defumado; o segundo, esferas de queijo crocantes por fora e super cremosas por dentro. Percebam como são feitas as brincadeiras entre sabores e texturas.




Na sequência, algo que não menos surpreendente e genial: uma panna cotta de couve-flor acampanhada por caviar negro.  Outra brincadeira entre texturas e sabores: crocantes, cremosos, salgados e adocicados.



Vieram então os pães (que são feitos na Bouchon Bakery - a padaria que fica a alguns metros do The French Laundry, e que também pertence a Thomas Keller) e duas manteigas especiais.



As saladas: folhas precoces, vegetais tenros e tudo super fresco; um foie-gras acompanhado de brioche levemente torrado e três tipos de sal - um temperado, um marinho e um rosado e fino com mais de quatro milhões de anos de idade. Incrível, não?  O visual dos pratos é sempre surpreendente.





Os pratos com peixes e frutos do mar - bacalhau, vieiras e lagostas.





Chegam então os pratos com as carnes.




Duas horas se passaram e ainda estamos no meio do almoço.  A primeira garrafa de vinho também chegou ao fim e tivemos que escolher outro para a segunda metade da refeição.  Optamos então por um outro californiano - com uvas Zinfandel (locais), Syrah e Carignane - Ridge 2007, Lytton Springs.



Seguimos então para outro prato com carne, só que agora de caça. Novamente mistura de sabores e texturas.  Detalhe para a azeitona que é californiana e super crocante.




E o prato com queijos e outros tipos de pães - nozes, passas ou sal, todos da padaria de T. Keller.  O almoço está chegando ao fim ...




O set de sobremesas: sorbet com coulis de frutas; rol de nozes e peras; e, um pavê de chocolate, pistache e cramberries.





O que não estava no cardápio e foi servido ... Macadâmias glaçadas e bolinhos de chuva (acreditam? achei que isto só existisse no Brasil); o que parecia ser um simples café macchiatto revelou-se um sorvete de capuccino maravilhoso; e, encerrando o set de doces, seis bombons com frutas deliciosos que foram servidos com café.





Quatro horas depois chegamos ao fim da refeição. Um menu que se mostrou repleto de sabores, texturas, sensações e surpresas, ora excitantes ora reconfortantes, mas a cada prato o despertar de uma intrigante curiosidade com gostinho de novidade.


No final de toda essa comilança sabe o que mais me admirou? A criatividade para se criar dois cardápios simultâneos que mudam diariamente.  Parecem feitos para despertar todas as sensações que citei acima e também aquela coisa mágica do novo.

Seria ousado da minha dizer que Thomas Keller e seu fabuloso The French Laundry são exemplos dignos a serem seguidos? Acho que para os que estão no meio culinário ou os que querem seguir por este caminho ter bons exemplos nunca é demais.



O lugar não é barato mas valeu a pena. Não só pela comida, mas por todas as sensações despertadas pelos novos sabores que pudemos degustar neste almoço de quatros horas. Será que alguém sai de lá pensando em jantar?


foto: divulgação

O The French Laundry está presente em quase todas as listas como um dos melhores restaurantes do mundo e em especial em 2010 ocupou o 32º lugar na lista The S. Pellegrino World's 50 Best Restaurants (em 2009 ocupava a 12º posição).


foto: divulgação

O Chef Thomas Keller começou sua carreira no universo culinário bem jovem no restaurante de sua mãe.  Trabalhou em diversos restaurantes estrelados do Michelin e especializados em cozinha francesa.  Foi consultor da Pixar no treinamento da equipe de criação do filme Ratatouille.  É chef dos restaurantes Per Se (NYC), Bouchon (Napa Valley e Las Vegas), Ad Hoc e Bouchon Bakery (Napa Valley).

Serviço:
The French Laundry
6640 Washington Street
Yountville, California
Entrada no restaurante somente com reservas antecipadas através do site: http://www.opentable.com/.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

The French Laundry

A good restaurant in Napa Valley where we have had a good meal with a 9-set course.  It was so delicious and the place was very special.


The complete text about this restaurant will be posted in a few days.

Um quarentão francês

Agora sim começamos a jogar de verdade. 

Primeiro uma taça de Cava no César, um bar especializado em tapas.  Só bebemos e eu estava dando graças a Deus pois não sabia o que me esperava no primeiro restaurante com reserva antecipada de algumas semanas.




O Chez Panisse foi uma grata surpresa.  As instalações do restaurante em si não mostram o que realmente a comida tem de especial.  Isso é um ponto importante a se observar uma vez que muitas vezes somos ludibriados pelos adornos e adereços dos restaurantes e nem se quer percebemos o que a comida realmente nos oferece.

foto: divulgação

Poucas mesas e consequentemente poucos lugares.  E as mesas ficam bem próximas umas das outras sem privacidade.

O serviço é impecável e bem orquestrado. Os garços são jovens e atenciosos, estão sempre de olho nas mesas para retirar os pratos e repor novos.

Uma coisa eu notei, e isto já havia chamado minha atenção em outros restaurantes fora do Brasil, o banheiro fica praticamente dentro ou muito próximo da cozinha de preparação e finalização dos pratos.  É claro que eu não deixaria de visitar a cozinha. Fiquei realmente impressionado ao ver que o banheiro estava em frente à cozinha, ou seja as pessoas atravessam praticamente toda a cozinha para ir ao banheiro.  Não havia nada que separasse esses ambientes a não ser a porta do banheiro.  Falta de espaço ou contenção de custos? Ou desleixo mesmo? Ou no Brasil zelamos demais pela comida afim de evitar contaminações desnecessárias?

O restaurante serve um menu degustação de quatro pratos - uma salada, uma sopa, um prato principal e uma sobremesa. Esse menu muda diariamente.

foto: divulgação

Hoje o menu era o seguinte (infelizmente não consegui tirar foto dos pratos, pois a bateria da máquina fotográfica acabou bem no início da refeição):

Entrada: salada de verdes com bacalhau negro, lulas, caviar de salmão e crème fraîche - uma combinação de peixes e aromas marinhos com um mix de folhas frescas. 

Sopa: sopa leve de legumes de inverno (cenoura, salsão e folhas verdes) com confit de pato e pancetta - ao mesmo tempo em que se sentia a leveza do caldo, podia-se perceber o acentuado sabor do pato e da pancetta, um contraste que remete ao campo em todas as suas formas.

Principal: codorna grelhada com molho de trufas negras, bolo de batatas e alho verde acompanhado de folhas precoces verdes - vale ressaltar que o bolo de batatas estava delicioso, um jogo de sensações entre o macio do recheio e o crocante da cobertura que ganhavam um destaque no prato.

Sobremesa: torta de amêndoas com sorbet de tangerina - sem comentários, simplesmente deliciosa.


foto: divulgação

O lugar não é barato mas valeu a pena pela comida assinada pela Chef Alice Waters, dona deste restaurante que completa neste ano 40 anos, onde são prezados alimentos orgânicos e de produção locais, garantindo frescor às preparações diárias.  Além disso, Alice Waters é ativista no que diz respeito à causa ambiental, autora de muitos livros de gastronomia e responsável pela Fundação que leva o nome de seu restaurante. 

O Chez Panisse sempre esteve presente nas listas dos melhores restaurantes do mundo e em especial em 2010 ocupou o 69º lugar na lista The S. Pellegrino World's 100 Best Restaurants.

Serviço:
Chez Panisse
1517 Shattuck Avenue
Berkeley, California
(510) 548-5525
Entrada no restaurante somente com reservas antecipadas.

A fantástica fábrica de tortas

Já no centro de San Francisco, na região comercial rodeada pelas lojas mais famosas do mundo, há um lugar que parece um sonho.  Eu super curioso que sou, queria muito conhecer a tal loja de cheesecakes tão comentada por todos que já a conheciam.


Localizada no 8º andar do prédio da Macy's (uma loja de departamentos americana bem famosa), na Union Square, The Cheesecake Factory é um restaurante que não se limita somente às tortas que originaram o nome, mas a um cardápio bem extenso e variado - mais de 200 itens. Um exagero na minha opinião.


Mas eu estava ali para provar se o lugar é realmente a meca dos cheesecakes.  Na sessão de sobremesas do cardápio cerca de 15 opções, da tradicional com morangos até as mais sofisticadas com chocolate Godiva.  Fui na tradicional para entender o que a idealizadora do negócio, Evelyn Overton, dominava.  Realmente a cheesecake era muito boa.


Uma massinha à base de manteiga e biscoito moído com um leve toque de especiarias onde a canela se sobressaia mais.  A leveza do recheio também era espetacular e quase que uma mousse aveludada.  Finalizando o prato, morangos envoltos em gelatina para ressaltar e intensificar o vermelho da fruta e creme chantilly batido.  Simples porém muito bom.


Acho que posso dizer que esse foi o ponto alto do dia: comer uma cheesecake deliciosa no meio da tarde.


A história da The Cheesecake Factory começou em Detroit nos anos 50 com Evelyn Overton, excelente cozinheira, e seu marido Oscar em iniciarem um negócio familiar bem caseiro e que em pouco tempo se tornou um hit nos Estados Unidos. Em 1972, com os filhos já crescidos, o casal decidiu abrir uma pequena loja em Los Angeles. Foi então criada a primeira The Cheesecake Factory.  Anos mais tarde uma nova loja foi aberta em Beverly Hills na Califórnia. Já sob o comando dos filhos, a The Cheesecake Factory está presente de costa a costa nos Estados Unidos, com cerca de 149 restaurantes.  Um negócio que parece ter dado certo.

Serviço:
The Cheesecake Factory
251 Geary Street, San Francisco, CA
(415) 391-4444
Horário de funcionamento: de segunda a quinta, das 11 às 23h; de sexta e sábado, das 11 às 24h30 e aos domingos das 10 às 23h.
Para outras lojas consulte o site oficial: http://www.thecheesecakefactory.com/

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Rick & Ann's Restaurant


O 2º dia começou com um café da manhã super reforçado no Rick & Ann's Restaurant no bairro universitário de Berkeley.  Acho que os americanos gostam da máxima "café da manhã de rei".  Para mim na verdade era mais um brunch (café da manhã + almoço) do que um breakfast (café da manhã).  E olha que tudo vem em porções generosas e sem miséria. Talvez seja um aviso de que se deve manerar senão no final desta viagem estarei uns 10kg mais gordo.

Muito bem! O serviço é bem ágil. Você faz o pedido e no máximo em sete minutos eles trazem os pratos à mesa.


Omelete com cogumelos e queijo feta, batatas coradinhas com alho e cebola roxa, cream cheese e cebolinha acompanhados por 4 torradas de pão branco.  As batatas estavam excelentes, mas a omelete poderia ser menos gordurosa.  O sabor de manteiga estava muito pronunciado e acabou mascarando os outros ingredientes.

foto: divulgação

O local não apresenta nada de diferente de outros da região, a não por ser um restaurante com uma cozinha que tenta resgatar um pouco aquela coisa de comida de mãe - a tal comfort food que já falamos neste blog. Além disso, utilizam produtos frescos da região o que parece ser um ponto forte.

O restaurante foi aberto em 1989 e seus proprietários são Rick e Ann que dão o nome ao lugar.

Serviço:
Rick & Ann's Restaurant
2922 Domingo Avenue
Berkeley - San Francisco - CA
(510) 649-8538
Horário de Funcionamento: segunda a domingo, das 8:00 às 14:30 para café da manhã/almoço; terça a sábado, das 17:30 às 21:30 horas e aos domingos, das 17:30 às 20:30 para o jantar.

A primeira impressão é a que fica?

Quase catorze horas depois de vôo, uma sabatina pela polícia americana e um anda pra lá e um anda pra cá nos aeroportos, finalmente chegamos ao primeiro destino - São Francisco, CA.

Durante o vôo, lendo aquelas revistas da companhia aérea, tentei imaginar o que seria a cultura gastronômica americana.  Não conseguia ter nada em mente. No Brasil a cultura americana é representada pelas cadeias de fast food tipo McDonalds, Burger King, Domino's Pizza, dentre outras que nem valem ser mencionadas aqui. 

Neste primeiro contato já deu para perceber que o que eles gostam mesmo é de carne (graças a uma série de propagandas de churrascarias - por sinal, algumas brasileiras como a Fogo de Chão e outras querendo ser brasileiras como uma tal de Texas de Brasil (??) que remetem a terrinha do carnaval). Mas sei que isso é coisa do Texas e que em São Francisco a coisa seria outra, talvez pela memória da cidade dos hippies tipo "paz e amor".

E realmente a minha segunda "primeira impressão" foi outra.  Ainda bem!

Paramos para comer algo decente, mesmo porque ninguém merece aquelas comidas servidas nos aviões. E aqui me permito fazer um parenteses para comentar que algumas companhias aéreas estão se esforçando para melhorar a qualidade da comida servida em seus vôos e mudar um pouco a impressão que as pessoas tem desse tipo de comida. Como o caso da TAM e sua comfort food assinada por chefs brasileiros estrelados. Mas voltemos a São Francisco...




Tom Mathiessen foi nosso guia pela cidade e pedimos que ele nos levasse num lugar de sua preferência.  Fomos ao Cafe Floré no bairro de Castro onde serviam brunch (misto de café da manhã e almoço). Na verdade eu esperava somente uma omelete simplesinha, mas fui surpreendido por uma omelete com presunto em cubinhos, tomate e cream cheese acompanhada por batatas fritas rusticamente e duas fatias de pão torrado.  Valeu quase por um almoço.

 
O interessante desse café é que os pratos são pedidos e pagos em um caixa e as bebidas pedidas e pagas em outro caixa.  E no caso das bebidas, a pessoa que tira seu pedido é a mesma que cobra e recebe o pagamento, e pasmem a mesma que prepara sua bebida.  Isso sim é que é ter um negócio enxuto.  Uma única pessoa faz tudo.  E se houver outras pessoas atrás de você, elas esperam paciente para serem atendidas.




Realmente a primeira impressão não é a que ficou, mas sim outras muito melhores. Pelo lugar despretencioso, meio improvisado mas sem desleixo e super cool.


Serviço:
Cafe Floré
2298 Market Street & Noe
San Francisco's Castro District
(415) 621-8579
http://www.cafeflore.com/
Horário de Funcionamento: domingo a quinta das 7 da manhã à 1 da madrugada e aos sábados das 7 da manhã às 2 da madrugada
O brunch é servido diariamente das 8 às 16 horas e o jantar das 16 às 22 horas.