fonte: Slow Food (www.slowfood.com)
Estar na região do Piemonte e não ir a Bra, cidadezinha onde se iniciou o movimento Slow Food (e também cidade-sede do movimento), é o mesmo que ir ao Rio de Janeiro e não conhecer o Cristo Redentor ou ir ao Louvre e não ver a Monalisa. É claro que a questão não é só visitar a pequena cidade, mas viver a filosofia do Slow Food.
Foi aqui, em 1989, que Carlo Petrini iniciou o movimento Slow Food, chamando atenção para o modo como o alimento deve ser visto - relação comida e planeta (leia-se aí paisagem, biodiversidade da terra e tradições locais).
"O princípio básico do movimento é o direito ao prazer da alimentação, utilizando produtos artesanais de qualidade especial, produzidos de forma que respeite tanto o meio ambiente quanto as pessoas responsáveis pela produção, os produtos." (fonte: www.slowfood.com). O Slow Food tornou-se a voz ativa da agricultura e da ecologia, onde prazer e alimentação se mesclam a consciência e responsabilidade.
fonte: Slow Food (www.slowfood.com)
Segundo Petrini, "é inútil forçar os ritmos da vida. A arte de viver consiste em aprender a dar o devido tempo às coisas".
E é esse o espírito dessa cidade graciosa que lembra um pouco Campos do Jordão (claro que com as devidas proporções). Com suas ruas de paralelepído e com lojinhas com produtos locais e um povo super amistoso e hospitaleiro. Eu, que de bobo não tenho nada, fui duas vezes.
Na primeira vez fui ao Café Conveso, um dos locais históricos da Itália. Pequeno e charmoso, esse café tem uma confeitaria que prima pela delicadeza dos doces e bolos. E sim, eles fazem um babá au rhum muito bom. Sempre cheio de gente é o lugar para ver e ser visto. Mas não é só isso, o café é bom, os doces também e o serviço é bem acima da média italiana (o que é muito bom!).
Gelato I.G.P.: nesta sorveteria a produção é pequena e diária. Uma placa grande sinalizada pela inscrição IGP (Indicazione Geografica di Produzione), menciona não apenas o nome do lugar, mas mostra o quanto o fato dos produtos serem locais é valorizado. Além disso, dizem também que seus produtos não levam colorantes e conservantes, respeitam a natureza, as frutas usadas na produção dos sorvetes são colhidas diretamente das árvores e somente na safra.
Já na segunda vez que fui a Bra, a experiência foi além do café e dos doces. Almocei numa das melhores Osterias indicadas pelo Slow Food, a Boccondivino. Lugar incrível, simples e ao mesmo tempo com ar de extensão da casa (lembrou do comfort food???).
Neste restaurante pode-se pedir pratos individualmente ou seguir um dos menus degustação, com trufas ou sem (se quiser substituir algum prato desses menus não tem problema, eles fazem numa boa). As porções são fartas (e ditas normais por aqui, não adianta pedir meia porção). Os vinhos são todos piemonteses como manda os ditames do Slow Food.
Fui de menu degustação tradicional: Vitello Tonnato (fatias finas de carne com miolo rosado e um molho a base de atum leve e bem aerado), Polpo arrosto con crema di cicerchia Serra dè Conti (polvo grelhado com creme de grão de bico Serra dè Conti),
Cardi "Gobbi di Nizza Monferratto" con fonduta al Raschera (cardo con creme de queijo Raschera) e Tajarin "40 tuorli" con Ragu di Salsiccia di Bra (talharim "40 gemas" con ragu de linguiça di Bra) - é isso mesmo, a massa é feita com 40 gemas (assustou, mas é assim mesmo),
Agnolotti "del plin" al burro e rosmarino (agnolotti del plin com manteiga e alecrim) e Brasato di vitello al Barolo.
E encerrando esse almoço delicioso: Panna Cotta, Zuccoto ai Marroni (Zuccoto com Marrom Glacê) e Bunet. Defeito: todas as sobremesas vieram com mesma calda de caramelo decorando os pratos - falta de imaginação total!!!
Caffè Pasticceria Converso
Via Vittorio Emanuele, 199 - Bra (Itália)
tel: 0172 413626
www.converso.it
Osteria Boccondivino
Via Mendicità 14 - Bra (Itália)
tel.: 0172 425674
www.boccondivinoslow.it
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